segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Céu Amarelo

Chego em casa do trabalho, ligo o notebook e acesso as páginas de costume - não posso mais fazer isso no trabalho e... OPA. EU NUNCA FIZ ISSO NO TRABALHO, OK? NUNCA! Meia hora depois de ter ligado o notebook, viro para a janela e olho para a rua, que está iluminada por uma luz AMARELA.

Nada tenho a comentar sobre isso, só achei estranho pra caramba, só isso.

-----

Cá relato o drama do Zé, que morava em uma pequena cidade do Sul do Rio Grande do Sul. O Zé, desde os tempos de criança, sempre teve apelidos. Zé Disso, Zé Daquilo, Zé Merda, etc.. O nome dele sequer era José, nada tinha a ver com José, muito antes pelo contrário. A razão do "Zé" era o fato de o dono de tal apelido gostar tanto de um tio, irmão de seu pai, que, aí, sim, se chamava José, e era conhecido na família por Zé - afinal de contas, qual José não é conhecido por Zé? Seria mais fácil batizar a criança de Zé. Assim a mãe não ficaria triste quando os outros começassem a chamar seu filho pelo apelido.

(Ok. Não sou Saramago, então vou fazer outro parágrafo:) O Tio Zé era a paixão do Zé quando ele começou a soltar suas primeiras palavras, então quando alguém perguntava ao Zé qual era o nome dele, ele prontamente respondia "Zé", pois seu sonho era ser igual ao tio homenageado.

(O céu continua amarelo.)

Para a tristeza do Zé, o tio acabou preso por um crime que o Zé não quis me dizer qual foi. Era o aniversário de quinze anos do Zé (o sobrinho) quando a família ficou sabendo do ocorrido. Aquilo foi o maior desgosto da vida do Zé.

Na vida adulta, o Zé comprou uma casa muito bonita que tinha um jardim na entrada. No jardim, uma frondosa (puta merda, que espetáculo, tô escrevendo difícil!!) figueira dava as boas-vindas. Foi instantâneo: o Zé, que já não gostava de ser chamado assim, ficou conhecido na cidade como Zé da Figueira.

Definitivamente o Zé ficou fulo da vida quando viu que todos na cidade o chamavam assim. Resolveu cortar a figueira. Quando anunciou a decisão no café do Chico do Café, foi vaiado acintosamente (nem sei se escrevi isso direito) pelo Tico do Correio, o Maninho do Xerox e pelo Matias (o Matias não era de lugar ou coisa alguma. Era só o Matias).

Não adiantou. O Zé só pensava em exterminar aquela maldita figueira. E assim o fez, com o serrote que comprou na loja do Toninho dos Serrotes. Da linda figueira, ficou apenas o toco do tronco.

O que bastou para que o Zé ficasse conhecido na cidade como Zé do Toco.

Semanas depois, o Zé, então do Toco, resolveu arrancar o toco. Deixou apenas um buraco no jardim.

No dia seguinte, foi chamado pelo Toninho das Carnes de Zé do Buraco, lá no bar do Wilson da Cerveja.

Antes que o novo apelido pegasse, o Zé foi correndo para casa, com o intuito de tapar o buraco. Comprou areia na loja do Banha (que era gordo; gordo ou é "Gordo Isso", "Gordo Aquilo", ou é "Banha", então não precisa ser d'algo) e tapou o buraco.

Não adiantou. Foi batizado como Zé do Buraco Tapado.

E o céu, amarelo.

7 comentários:

.Kel. disse...

nem sempre devemos tentar tratar de consertar o inevitável.. pobre Zé hehehe

Leandro Fonseca disse...

Realmente. Inexorável. :)

Stefan disse...

Fiquei mais intrigado com o céu amarelo...

vinícius disse...

... o que não quer dizer que a história não seja muito boa.

Leandro Fonseca disse...

E tu não leu o final que eu dei pra história no livro!

vinícius disse...

quem?

Leandro Fonseca disse...

tu! hehehe... Eu escrevi esse post e já resolvi colocá-lo no "livro". No "livro" eu inventei um final muito maluco, pqp, eu não sei de onde eu tiro tanta merda...


"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)