sábado, 22 de abril de 2006

De novo, caramba!

Três da madrugada. A mãe dormia, o gato cego de trinta anos de idade também. Perivaldo, esse era o nome dele, foi reprovado até mesmo no teste para homem-bomba. Converteu-se ao islamismo aos vinte anos de idade, quando achou que podia fazer algo pelo mundo, algo por Maomé. No exame para admissão de homens-bomba, não agüentou e pôs-se a chorar. Já tentara matar a mãe e o staff de empregados da casa anteriormente, mas depois de tudo feito, deu meia-volta e desfez o pandemônio que havia deixado na mansão. O gato dormia, a mãe também. Esta já nem mais conseguia dormir direito, devido às constantes tocaias do filho. Felizmente, na hora H ele desistia e deixava para atacar noutra ocasião. Mas desta vez seria a última. Era o que ele havia decidido. Abriu sua lancheira do Batman e dela tirou uma minisubmetralhadora UZI. Rastejou pelo corredor, como um candidato esforçado a servo prestativo de Alá. Mas ele não fazia nada direito. Era devoto de Alá e carregava em suas mãos uma arma israelense. Quando deu-se conta disso, sentou no largo corredor, logo abaixo do quadro que mostrava uma foto da família que outrora teve: a mãe, o gato de trinta anos de idade, o pai, o namorado do pai e a madrasta, aquela velha nojenta, essa foi a primeira que ele desejou matar. Mas não matou, porque a velha faleceu antes de ele agir. "Ela morreu de calor", disse a empregada. Morreu de calor. E ele morreria de desgosto. Sequer passou no teste para homem-bomba.

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"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)