terça-feira, 7 de setembro de 2010

A turma da faculdade alugou uma casa na praia. No primeiro final de semana que passou por lá, ele bebeu a casa inteira. O churrasco começou devagar, só com cerveja. Ele lembra do considerável pilão de carvalho de um amigo e da caipirinha que ele fazia naquele recipiente. Lembra, também, do pessoal oferecendo aquele líquido, no início do churrasco:

- Caipirinha?
- Não, obrigado. Tô só na cerveja. - ele respondia, muito lúcido.
- Caipirinha?
- Nah, ó. Só cerveja. - ainda lúcido.
- Caipirinha?
- Deixa eu provar um pouco dessa coisa aí. - meio lúcido.
- Ó, devolve o treco da caipirinha, porra! Tu só tava tomando cerveja, e agora tu tá tomando TUDO. - e ele, NADA lúcido.

O grupo resolveu dar uma volta na praia. Era dia de Iemanjá. "Vamos ver as oferendas!" Ele pegou o pilão de carvalho, infiltrou-se entre os fiéis e começou a gritar: "IEMANJÁ, ME LEVA! IEMANJÁ, ME LEVAAA!"

A turma teve que ir embora e levar o amigo para casa. Testemunhas informam que os fiéis estavam organizando-se para LINCHAR o indivíduo.

De volta à casa, ele jogou-se na cadeira e sentou-se à mesa da cozinha. Levou o celular à orelha. Ninguém estava do outro lado da linha. Retirou o celular da orelha. Chacoalhou o celular. Levou o celular à orelha. Ninguém do outro lado. Chacoalhou o celular novamente. Seu amigo chegou na porta da cozinha e, vendo a cena, disse "cara, vai dormir. Que que tu tá fazendo aí? Que que tu quer chacoalhando esse celular, hein??" Ele só lembra de ter olhado para o amigo, de ter piscado uma vez e, quando abriu os olhos da piscadela, de enxergar-se com meio corpo coberto por vômito. O celular também estava coberto.

Levantou-se. Viu o chão. O chão estava sujo, bem sujo. Pedaços de carne mal mastigados, alguns nada mastigados, adornavam o piso da cozinha. Ele resolveu "limpar" a bagunça.

A casa estava estranhamente vazia. "Como essa casa ficou vazia em apenas um segundo? Cadê todo mundo?" Foi quando um dos colegas de casa voltou e viu o chão.

- ZzzzzJJJÁ limpei tudo, CARA! Zzzzzzzzjá limpei. Vomitei, maszz limpei.

O amigo, que não bebia, dotado de grande psicologia para ébrios, sugeriu:

- Sim, sim. E tá muito bem limpo! Mas vamos limpar novamente, SÓ PRA GARANTIR...

O ébrio concordou.

Depois de ter limpado o chão, o amigo fez outra sugestão:

- Agora, que tal tu ir tomar um banho, hein?

O ébrio olhou para seu corpo, metade gente, metade vômito, fez uma análise e decidiu:

- Ah, não precisa, não... Eu tomei banho antes do ssssccchurrrasco! Tô limpo!

Como estavam dividindo o mesmo quarto na casa, o amigo reforçou:

- Cara, vai tomar um banho! VAIS TE SENTIR MELHOR...

E o ébrio foi.

2 comentários:

Stefan disse...

Ô cidadão, vai dar um jeito de publicar esses textos!

Luiz Mário disse...

Eu rí.


"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)