Saiu de casa. Deu meia-volta. Pensou no que tinha feito e achou NADA bom. Bom, aliás, ele havia deixado de ser desde os seis anos de idade, quando furou os olhos do gato da mãe com uma colher. Aquela colher torta com a qual a mãe o alimentava de papinha, ou maçã raspadinha, no início de sua vida. Aquela lágrima furtiva saiu de um olho. Mas só de UM olho. Resolveu, então, retornar. Abriu a pesada porta de bronze. Tirou o corpo do mordomo do caminho, deixando-o no canto do hall de entrada. Fechou o gás que invadia a atmosfera por meio do fogão industrial da mãe e desamarrou a desacordada cozinheira. Subiu a escadaria de mármore. Passou pelo seu velho quarto e ali relembrou os tempos em que subia e ficava no lustre, à espera de nova vítima para sua arma de chumbinho. Chegou na suíte master, aquela da mãe e do pai, aquela que sempre invejou, achando que crianças também deveriam dormir em suítes master, "por que não? Também quero um banheiro só pra mim!" Afagou o gato cego de trinta anos de idade e disse à amarrada mãe, que quase jazia em seu leito king size:
- Ah, voltei, mãe. Enchi. Então voltei. Não consigo viver sem a senhora. Feliz aniversário. Desculpa, mãe. Desculpa. Serei bonzinho daqui pra frente.
3 comentários:
bonzinho esse moço, hein? e o gato de trinta anos de idade? os meus sempre sumiram antes de eu saber qto tempo eles poderiam viver! hahahahahahaha.. e uma lágrima cai de um olho só!
otimo!
nao posso negar que ri da maçã raspadinha....
Porra! Que mente!!!!
Capacete!
Pai
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