sábado, 6 de setembro de 2008

Celso


(de Leandro Godinho)

Eu lembro do meu amigo sorrindo pra mim. Sorrindo de qualquer coisa. Um sorriso sincero e bonito, como se pudesse varrer a tristeza das ruas. Sabia sorrir de verdade, o meu amigo Celso.

Descedente de orientais, sushiman, palmeirense verde, paulistano e amigo como raros são capazes de ser. Conheço muito poucos que sabem dar valor a uma amizade como o meu amigo Celso soube - e nunca se furtou de nos mostrar. Por isso, é muito difícil agora, horas após a notícia ter entrado vacilante em meus ouvidos, segurar o choro ao pensar que o amigo ao meu lado na foto morreu esta manhã, num leito de hospital.

Tem tanta coisa boa que eu posso falar do Celso. Celso era o tipo de sujeito que se largava do centrão até Congonhas num dia de semana porque eu ficaria umas duas horas ali em conexão e a gente podia gastar meia hora almoçando juntos. Celso dividiria com você o último Marlboro da carteira só pra ter o prazer de conversar contigo sob a noite sem estrelas de São Paulo. Celso ignorava a dor que sentia ao caminhar em seus últimos dias pra encarar busão e metrô e se encontrar comigo quando eu estava em Sampa, ignorava a dor e ria como se pudesse varrer a dor do mundo naquele instante.

Eu quero me lembrar do meu amigo assim, sorrindo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Você realmente escreve bem. Ontem me fez gargalhar com seus escritos. Hoje, venho aqui e deixo uma lágrima. Me emocionei com o que escreveu sobre teu amigo.

Leandro Fonseca disse...

Obrigado, mas o texto sobre o amigo é de outro amigo, o Leandro Godinho.

Regina disse...

Divido esses sentimentos com todas as pessoas que tiveram a sorte de conhecer o Céruço.
Fui lá me despedir. Foi bonito, simples, delicado, respeitoso, num meio-dia quente demais, um dia lindo de sol. Não combinava com o vazio imenso que ele deixou.

Anônimo disse...

É, só não se despediu dele...enfim, vai saber de que amigo ela está falando...


"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)