Todos os dias a Marilda passava por aquela financeira. Passava pela calçada, em frente à loja, e via aquela moça, funcionária da financeira, oferecendo empréstimos para todos os que por lá passavam.
Menos para a Marilda. Ela nunca ofereceu nada para a Marilda. Nem um mísero centavo. Nada.
Aquela nojenta. Nojentinha, como a Marilda chamava aquela moça, pois a Nojentinha não devia medir nem um metro e quarenta. Usava aqueles sapatos com aquelas plataformas gigantes que deviam medir uns trinta centímetros de altura cada. Queria aparecer, a Nojentinha. E ainda queria aparecer às custas da Marilda, porque não oferecia um empréstimo sequer para ela.
Todos os dias a Marilda passava por lá. Nunca recebeu uma ofertinha, uma droga de oferta, uma que poderia, quem sabe, até tirar sua conta bancária do vermelho...
Por que diabos a Nojentinha nunca ofereceu um empréstimo? Naquele dia Marilda descobriria o motivo. Seria porque aquela baixinha nojenta era a Baixinha, ex-namorada do Veloso, ex-namorado da Marilda? Seria porque ela conhecia a Marilda e tinha ciúmes porque o Veloso a largou para ficar com a Marilda? Será que ela quer ver a Marilda no vermelho?
Então a Marilda encheu-se de forças, passou em frente à financeira, notou que a Nojentinha não olhou para sua cara e perguntou:
- Olha aqui, sua prostituta. Eu passo aqui todos os dias, vejo tu oferecendo dinheiro pra todo mundo, mas pra mim tu não ofereces nada! Por que, hein? Por quê? O que foi que eu te fiz, sua vagabunda de plataformas gigantes?
- Hã... A senhora quer um empréstimo...?
- Claro que não. E lá eu tenho cara de pobre? Ora, bolas.
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