O Zé amava a Tereza. A Tereza, que tinha uma perna maior do que a outra, capengava de lá pra cá pela cidade, todo mundo a avacalhava, todo mundo ria da cara, melhor, das pernas dela, mas o Zé não se importava. Ele amava aquela capenguinha, como ele carinhosamente gostava de referir-se a ela, e não importava se uma perna era maior do que a outra, e esta outra era menor do que aquela. A diferença era de uns trinta centímetros, mas quem se importa? O amor é maior do que meros centímetros imbecis. O Zé tomou coragem, a Tereza ainda sequer suspeitava daquele amor incondicional, e resolveu declarar-se pra Tereza. Antes de ir falar com ela, porém, descobriu que ela tinha arrancado os sisos, os quatro sisos, e infelizmente o dentista arrancou uns três ou quatro dentes dela por engano, antes de arrancar os sisos. A Tereza ficou mais ou menos só com os atacantes, pois a defesa o dentista, que, diz a lenda, encontrava-se ébrio, arrancou toda. Mas isso não importava pro Zé. Ele amava aquela banguela capenga. Outro fato que antecedeu a declaração do Zé pra Tereza foi que uma amiga em comum falou pro Zé que a Tereza usava peruca. Relatou a moça que a Tereza teria o mesmo mal do Esperidião Amim, e nasceu pelada feito uma bola de bilhar. Mas esse mísero detalhe não fazia o amor do Zé diminuir. Ele amava demais aquela careca banguela capenga. Só que antes disso tudo, a mãe da Tereza ficou sabendo do interesse do Zé por sua filha e achou melhor avisar para o rapaz que a Tereza usava um olho de vidro desde os quinze anos de idade. Rá! Isso não adiantou nada. O amor do Zé só aumentava quando ele via aquela caolha careca banguela capenga. Pois tomou a tal da coragem e declarou-se pra Tereza, que finalmente disse:
- Leve-me ao seu líder, terráqueo.
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