A tia Conchita, minha antepassada, me disseram, uma vez estava no teatro vendo um filme - sim, eles passavam filmes no teatro por aqui. Por aqui e em vários lugares, naqueles tempos, acho eu - quando começou a gritar:
- FOGO! FOGO!
Todo mundo entrou em pânico, mas um senhor notou que era alarme falso:
- Não, minha senhora... É do filme! Tem fogo no filme!
Então a tia Conchita disse:
- Meu senhor, não interessa... FOGO É FOGO!
(Era isso. Tô meio sem ideias pra escrever, e meu irmão, vejam só, não permite que eu "escreva só por escrever.)
sábado, 30 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Oi, blog. Tudo bem?
Olá, blog meu, pelo qual nada paguei, mas que chamo de meu, mas que, na verdade, pertence à Google.
AO Google? O Google é homem ou mulher? Seria ele, ela, A Google? A empresa? E quando alguém acessa o Google, o que ela está a acessar? O sistema de busca? E a empresa que mantém - e controla - isso tudo? Acho que ela é "ela". Então vamos chamá-la de ela, já que ELAS controlam o mundo.
Elas controlam o mundo, minha gente, e não há nada que possamos fazer contra isso. Resistência é fútil. Resistência é ridícula. Elas controlam, elas mandam, e não temos muito o que fazer.
Hm. Oi, blog, Google, e as mulheres - se vocês não estavam entendendo o que eu estava querendo dizer - mandam no mundo. Boa divergência pra assuntos que não têm muito a ver uns com os outros.
Eu sou campeão de fazer isso. Às vezes eu começo a contar uma história e acabo derrapando em assuntos aleatórios, que não tinham muito a ver com a trama inicial. Meus parágrafos, aliás, ficam meio doidos, quase esquizofrênicos, devido a essa divergência senil. Começo contando sobre o café na casa da minha sogra e acabo chegando a Física Quântica, sei lá - isso, claro, se eu entendesse do assunto! Só resolvi dar um exemplo maluco, muito maluco mesmo.
Ahhnnn... Tá. Até agora eu digitei vários caracteres e não disse coisa com coisa. Vamos direto ao ponto, então.
Oi, blog. Tudo bem? Marquei um gol hoje. Foi pra ti, blog. Foi pra ti. Em tua homenagem. Mantive minha média de um gol por jogo. Não é pra qualquer um. Vai lá ver se o Ronaldo gordo tem uma média assim, vai!
Tá. Chega. Tá difícil escrever algo que preste.
AO Google? O Google é homem ou mulher? Seria ele, ela, A Google? A empresa? E quando alguém acessa o Google, o que ela está a acessar? O sistema de busca? E a empresa que mantém - e controla - isso tudo? Acho que ela é "ela". Então vamos chamá-la de ela, já que ELAS controlam o mundo.
Elas controlam o mundo, minha gente, e não há nada que possamos fazer contra isso. Resistência é fútil. Resistência é ridícula. Elas controlam, elas mandam, e não temos muito o que fazer.
Hm. Oi, blog, Google, e as mulheres - se vocês não estavam entendendo o que eu estava querendo dizer - mandam no mundo. Boa divergência pra assuntos que não têm muito a ver uns com os outros.
Eu sou campeão de fazer isso. Às vezes eu começo a contar uma história e acabo derrapando em assuntos aleatórios, que não tinham muito a ver com a trama inicial. Meus parágrafos, aliás, ficam meio doidos, quase esquizofrênicos, devido a essa divergência senil. Começo contando sobre o café na casa da minha sogra e acabo chegando a Física Quântica, sei lá - isso, claro, se eu entendesse do assunto! Só resolvi dar um exemplo maluco, muito maluco mesmo.
Ahhnnn... Tá. Até agora eu digitei vários caracteres e não disse coisa com coisa. Vamos direto ao ponto, então.
Oi, blog. Tudo bem? Marquei um gol hoje. Foi pra ti, blog. Foi pra ti. Em tua homenagem. Mantive minha média de um gol por jogo. Não é pra qualquer um. Vai lá ver se o Ronaldo gordo tem uma média assim, vai!
Tá. Chega. Tá difícil escrever algo que preste.
domingo, 10 de outubro de 2010
E é verdade que a vida imita os filmes - não, não é o contrário. Ontem fiquei sabendo de uma história que só pode ter saído de um roteiro de filme de comédia.
A moça estava em Paris, acompanhada de sua mãe e irmã, comendo um daqueles tradicionais crepes franceses que, pasmem, na França são chamados apenas de "crepes". E aqueles crepes, eu sei lá, têm aquele gosto sensacional por causa dos ingredientes usados pelos franceses: o queijo é sensacional, entre outras coisas, mas o grande diferencial, acho eu, é o fato de que a mesma pessoa que joga a massa em cima da chapa quente, pega um punhado de queijo/presunto/salsicha/etc. com a mão, mistura tudo muito bem, pega o teu dinheiro, abre uma gaveta, procura o troco, pega o troco, dobra a massa bem e faz aquela panquecona recheadíssima, coloca tudo dentro de um papel e te dá o crepe...
...tudo isso sem lavar as mãos, sem uma luva...
Não, não estou avacalhando! É sensacional, ponto final. Esse deve ser o diferencial.
Pois bem. Estava a moça desfrutando um desses maravilhosos crepes na rua quando morde algo não tão maravilhoso e seu dente QUEBRA.
- Ai! Quebrei meu dente!
- Hein? - a mãe fica preocupada - Você quebrou um dente?
- E agora, o que vamos fazer???
- Eu que pergunto! Estamos na França! Onde vou achar dentista aqui?? Cadê o dente?
- Tá aqui, ó... - a moça levanta o dente para mostrar para sua mãe e, nesse momento, UMA POMBA VEM VOANDO E ROUBA O DENTE, PENSANDO QUE AQUILO ERA UM PÃOZINHO.
Devaneios sobre o assunto levaram a corja que escutava tal história ser contada a chegar à seguinte conclusão: aquela devia ser a pomba da FADA DOS DENTES, que mora em Paris. Se a moça em questão tivesse esperado mais um pouco, a pomba certamente traria uma moeda, logo depois de ter levado o dente.
A moça estava em Paris, acompanhada de sua mãe e irmã, comendo um daqueles tradicionais crepes franceses que, pasmem, na França são chamados apenas de "crepes". E aqueles crepes, eu sei lá, têm aquele gosto sensacional por causa dos ingredientes usados pelos franceses: o queijo é sensacional, entre outras coisas, mas o grande diferencial, acho eu, é o fato de que a mesma pessoa que joga a massa em cima da chapa quente, pega um punhado de queijo/presunto/salsicha/etc. com a mão, mistura tudo muito bem, pega o teu dinheiro, abre uma gaveta, procura o troco, pega o troco, dobra a massa bem e faz aquela panquecona recheadíssima, coloca tudo dentro de um papel e te dá o crepe...
...tudo isso sem lavar as mãos, sem uma luva...
Não, não estou avacalhando! É sensacional, ponto final. Esse deve ser o diferencial.
Pois bem. Estava a moça desfrutando um desses maravilhosos crepes na rua quando morde algo não tão maravilhoso e seu dente QUEBRA.
- Ai! Quebrei meu dente!
- Hein? - a mãe fica preocupada - Você quebrou um dente?
- E agora, o que vamos fazer???
- Eu que pergunto! Estamos na França! Onde vou achar dentista aqui?? Cadê o dente?
- Tá aqui, ó... - a moça levanta o dente para mostrar para sua mãe e, nesse momento, UMA POMBA VEM VOANDO E ROUBA O DENTE, PENSANDO QUE AQUILO ERA UM PÃOZINHO.
Devaneios sobre o assunto levaram a corja que escutava tal história ser contada a chegar à seguinte conclusão: aquela devia ser a pomba da FADA DOS DENTES, que mora em Paris. Se a moça em questão tivesse esperado mais um pouco, a pomba certamente traria uma moeda, logo depois de ter levado o dente.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
O véio agora tem acordado todos os dias pra mijar às SEIS E QUINZE DA MANHÃ.
Todos os dias. Hoje, por exemplo, não consegui pegar no sono depois. Eu só precisava acordar às sete e meia, mas não consegui dormir.
Agora eu pergunto: por que, minha gente, por que às seis e quinze? O que leva minha bexiga a atingir sua lotação completa bem nesse horário? Por que, hein?
Eu nunca mais vou beber.
-------
Não recomendo o último filme com a Jennifer Aniston. Acabei de ver. PASME: o título é "blablablá DO AMOR". Não lembro o início do título, mas tem "DO AMOR". Os filmes que trazem essa atriz como protagonista SEMPRE têm esse título (tá, nem sempre. Mas deixa eu ser chato e resmungão, deixa??? Eu gosto de ser assim.). Parece música do Whitesnake.
Ah, lembrei. COINCIDÊNCIAS DO AMOR. E o título original é THE SWITCH. A TROCA. Não conhece a sinopse? Pois bem: um cara ama a Jennifer Aniston, que resolveu ser mãe solteira e vai fazer inseminação artificial. Por acidente, o cara TROCA O ESPERMA doado para a inseminação pelo dele.
COINCIDÊNCIAS do amor. Tudo a ver. "É, o amor tem dessas coincidências... de vez em quando o esperma é trocado..."
-------
Por falar em sinopses, eu conheço um cara que não viu nenhum filme durante sua infância/adolescência/vida adulta jovem. Pelo menos não os considerados importantes. O pessoal fez uma lista de vários filmes pra que ele colocasse tudo em dia, e, nessa lista, estava Do Que as Mulheres Gostam, com o Mel Gibson.
Num dia ele chegou esbravejando, xingando todo mundo, dizendo que viu o filme acima e que o filme era uma merda... Todos perguntaram o porquê e ele só esbravejava, dizendo que parou o DVD no meio, de tão ruim.
- Tá, mas até que parte tu viu?
- Ah, sei lá. Ele tava lá, trabalhando na agência de publicidade.
- Sim, mas ele já tinha levado o choque na banheira?
- Choque na banheira?
- Sim, o acidente que faz com que ele escute os pensamentos das mulheres!
- ELE ESCUTA OS PENSAMENTOS DAS MULHERES??
Se esse amigo fosse escrever a sinopse de Do Que as Mulheres Gostam, ela seria:
"MEL GIBSON É UM PUBLICITÁRIO MULHERENGO E FANFARRÃO."
Ponto.
Todos os dias. Hoje, por exemplo, não consegui pegar no sono depois. Eu só precisava acordar às sete e meia, mas não consegui dormir.
Agora eu pergunto: por que, minha gente, por que às seis e quinze? O que leva minha bexiga a atingir sua lotação completa bem nesse horário? Por que, hein?
Eu nunca mais vou beber.
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Não recomendo o último filme com a Jennifer Aniston. Acabei de ver. PASME: o título é "blablablá DO AMOR". Não lembro o início do título, mas tem "DO AMOR". Os filmes que trazem essa atriz como protagonista SEMPRE têm esse título (tá, nem sempre. Mas deixa eu ser chato e resmungão, deixa??? Eu gosto de ser assim.). Parece música do Whitesnake.
Ah, lembrei. COINCIDÊNCIAS DO AMOR. E o título original é THE SWITCH. A TROCA. Não conhece a sinopse? Pois bem: um cara ama a Jennifer Aniston, que resolveu ser mãe solteira e vai fazer inseminação artificial. Por acidente, o cara TROCA O ESPERMA doado para a inseminação pelo dele.
COINCIDÊNCIAS do amor. Tudo a ver. "É, o amor tem dessas coincidências... de vez em quando o esperma é trocado..."
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Por falar em sinopses, eu conheço um cara que não viu nenhum filme durante sua infância/adolescência/vida adulta jovem. Pelo menos não os considerados importantes. O pessoal fez uma lista de vários filmes pra que ele colocasse tudo em dia, e, nessa lista, estava Do Que as Mulheres Gostam, com o Mel Gibson.
Num dia ele chegou esbravejando, xingando todo mundo, dizendo que viu o filme acima e que o filme era uma merda... Todos perguntaram o porquê e ele só esbravejava, dizendo que parou o DVD no meio, de tão ruim.
- Tá, mas até que parte tu viu?
- Ah, sei lá. Ele tava lá, trabalhando na agência de publicidade.
- Sim, mas ele já tinha levado o choque na banheira?
- Choque na banheira?
- Sim, o acidente que faz com que ele escute os pensamentos das mulheres!
- ELE ESCUTA OS PENSAMENTOS DAS MULHERES??
Se esse amigo fosse escrever a sinopse de Do Que as Mulheres Gostam, ela seria:
"MEL GIBSON É UM PUBLICITÁRIO MULHERENGO E FANFARRÃO."
Ponto.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Eu raramente passo um dia sem falar mal de quem inventou a Língua Portuguesa. É uma língua impossível. Ninguém sabe falar Português corretamente. Escrever, então, pior ainda. Além de não sabermos falar direito, quem consegue ao menos fingir que sabe é tido como nojento e metido pelos outros.
Aqui onde eu moro é mais difícil ainda. Como falamos “tu” em vez de “você”, a gramática e a ortografia têm de estar em dia. Usar o “tu” é muito mais difícil! A alternativa – errada! – encontrada pelo povo daqui é usar, em vez do indicativo, o subjuntivo:
- E aí? A que horas chegasse ontem?
Como assim, “chegasse”? É horrível! Mas é o que a maioria das pessoas diz. Só que se essa pessoa falar corretamente, acaba sendo avacalhada pelos outros:
- E aí? A que horas chegaste ontem?
“Convencido”, no mínimo, é o que vão pensar. E pensam mesmo.
Eu diariamente surro a língua que o Seu Manoel Joaquim inventou. Tenho sérios problemas em falar os plurais. Qualquer plural. “Vamo pegá os pão lá na padaria?” Barbaridade. É triste, mas é verdade. Às vezes eu me surpreendo com as porcarias que eu digo.
Comprar pão francês é um problemão. Pão francês, entre nós, gaúchos, é conhecido como cacetinho (certo, certo. Poupem-me das piadas...). Falar “cacetinho” é dose. É viadagem demais dizer isso aí. Mas falar “pão francês” também é ruim! Depois que eu comecei a notar a minha deficiência com os plurais, tenho vergonha de pedir “dez pão francês” na padaria! E falar “dez pães franceses” é viadagem maior ainda. Parece coisa de gente letrada, metida, convencida... Fica sibilante demais! “Dezzz pãessss francesessssss...” É praticamente uma cobra pedindo pão.
Falar errado, aliás, além de não parecer coisa de gente convencida, é sempre engraçado. E como é. Hei de elencar exemplos. Todo mundo tem os seus, cá estão os que eu conheço:
O ex-capataz da fazenda de uma amiga, que afirmava ter “sulerado, sulerado, mas o extrator não tinha saído da lama”.
Na escolinha a professora explicava para a turma que os verbos só terminam em “AR”, “ER” e “IR”. Então um guri perguntou: “professora, e o verbo ‘pôr’?”... A professora explicou o porquê de tal verbo terminar em “OR” e o menino, não satisfeito com a resposta, perguntou “e o verbo motor?”.
O pai de um conhecido, que gostava muito daquele doce, o realberto (sim, apenas uma palavra. Para quem não conhece, o doce chama-se Rei Alberto). Ele ainda afirmava que “nós samos daqui desta cidade”, ou então confirmava o churrasco do dia seguinte com “não te preocupa! Amanhã nós fizemo o churras ao meio-dia!”. Quando não ia com a cara de alguém, fazia questão de dizer que aquela pessoa era antepática.
A tia de um conhecido, que em um churrasco não gostou de ver a criançada brincando de pega-pega logo depois de ter comido. E ainda por cima estavam expostos ao sol! Indignada, gritou: “guris! Saiam do sol! Porque senão vocês vão ter uma combustão!!” – ela tinha razão. Vai que algum deles solta uma bufa daquelas perigosas e acaba explodindo.
A mãe de uma colega, que chamava a sobrinha: “Jennifon, vem cá, menina!”. Chamava também o sobrinho: “diz pro Dongras vir também!”. Ela era frequentadora assídua do boteco da esquina, e quando lá chegava nem precisava perder tempo pedindo. “Chego no bar e o hômi já sabe o que eu quero: um pastel e a minha cerveja Trática!” E os calores trazidos pela idade, os quais a incomodavam durante o dia inteiro? “Ah, minha filha, a véia tá suando por causa da nonopóse.” Mas onde o Bin Laden atirou aqueles aviões no 11 de setembro? “Em Novonhórque, meu filho.” “Menina, nem te digo... Sabe o safado do Joãozinho? Ele não quer mais saber de trabalhar. Virou vagabundo! Só tá encostado na Marileuza, mulher dele! Tá igual a um jongolô.”
A sogra de uma amiga minha gosta muito de passar as férias em Balneário Canguru. Sempre que vai até lá, faz questão de dar uma esticada até Brumenal. Sua casa de Brumenal é uma lindeza, o piso é todo de taubão.
Outra senhora, que avisava os filhos quando iam à praia: “não se esqueçam das planchas de surfe!” Os filhos a corrigiam, dizendo que o correto era “prancha”, e ela diferenciava: “não, não. ‘Plancha’ de isopor; ‘prancha’ é a normal!”
O pior foi que outro dia eu bati pé, dizendo que “plancha” não existia. Alguém me falou que usava a tal da rede de plancha para pescar. Discuti, tentei corrigir, fui ao dicionário e vi que “plancha” existe, sim, assim como “enchova”. É horrível, mas é o outro nome daquele peixe, a anchova.
E a senhora das planchas, para chegar à praia, fazia a travessia de lancha no canal para chegar à cidade de São José do Norte. Pegava a lancha lá naquela que chamava de rodoviária das lancha (sim, sem plural, pra não soar pernóstico). Quando na praia, gostava muito de comer um filé de camarão (deve ser um filé bem pequenino...). E o sobrinho dela, que gostava muito de mergulhar, e passava o tempo inteiro submisso n’água? Esse sobrinho também tocava guitarra, e ficava horas e horas lendo os cifrão das música.
Os mais velhos – e isso não é uma crítica, é uma homenagem – usavam (alguns ainda usam!) termos engraçadíssimos atualmente, como os slacks. Meu avô chamava suas calças assim. Outro termo sensacional é o carpim. De vez em quando eu pego alguém se referindo às meias dessa forma. Carro de praça era outro campeão... Coisa muito boa era o aportuguesamento de termos originalmente falados em Inglês, como os filmes de gangéster, os de farveste do Jôn Vâine e os desenhos do marinheiro Popêi, aquele que comia espinafre.
A filha de um colega nasceu e foi decidido pela mãe que a menina chamar-se-ia Bárbara. Entretanto, aconteceu um imprevisto: a avó materna da criança simplesmente não conseguia pronunciar esse nome. Chamava a neta de Barba. Mãe e pai trocaram o nome da filha para Ana – acho que esse ela consegue dizer.
A dona de uma confeitaria, ao anotar o pedido de uma cliente, comunicou:
- Então a entrega do que a senhora pediu fica para amanhã, dona... Qual é o seu nome, mesmo?
A freguesa respondeu:
- É Corina.
A confeiteira anotou “Orina”. Mas resolveu perguntar outra vez.
- Como é?
- Corina.
- Ok. Entendido – e anotou “Orina” novamente.
Por falar em “orina”, um colega meu reclamava muito do verão, pois não suportava transpirar o dia inteiro. “Dia quente é dose pra elefante... Eu sôo demais!” Outro colega riu, chamando aquele de burro, e disse “sôo? Tu levantas o braço e sai barulho do teu sovaco, é isso? Mas, falando sério, isso é até bom, pois se tu transpiras demais tu orinas menos!”...
O Orina aí, aliás, tem um amigo cujo restaurante preferido é aquele que fica na esquina de sua casa e serve um rodeio de pizzas de dar água na boca.
Aqui onde eu moro é mais difícil ainda. Como falamos “tu” em vez de “você”, a gramática e a ortografia têm de estar em dia. Usar o “tu” é muito mais difícil! A alternativa – errada! – encontrada pelo povo daqui é usar, em vez do indicativo, o subjuntivo:
- E aí? A que horas chegasse ontem?
Como assim, “chegasse”? É horrível! Mas é o que a maioria das pessoas diz. Só que se essa pessoa falar corretamente, acaba sendo avacalhada pelos outros:
- E aí? A que horas chegaste ontem?
“Convencido”, no mínimo, é o que vão pensar. E pensam mesmo.
Eu diariamente surro a língua que o Seu Manoel Joaquim inventou. Tenho sérios problemas em falar os plurais. Qualquer plural. “Vamo pegá os pão lá na padaria?” Barbaridade. É triste, mas é verdade. Às vezes eu me surpreendo com as porcarias que eu digo.
Comprar pão francês é um problemão. Pão francês, entre nós, gaúchos, é conhecido como cacetinho (certo, certo. Poupem-me das piadas...). Falar “cacetinho” é dose. É viadagem demais dizer isso aí. Mas falar “pão francês” também é ruim! Depois que eu comecei a notar a minha deficiência com os plurais, tenho vergonha de pedir “dez pão francês” na padaria! E falar “dez pães franceses” é viadagem maior ainda. Parece coisa de gente letrada, metida, convencida... Fica sibilante demais! “Dezzz pãessss francesessssss...” É praticamente uma cobra pedindo pão.
Falar errado, aliás, além de não parecer coisa de gente convencida, é sempre engraçado. E como é. Hei de elencar exemplos. Todo mundo tem os seus, cá estão os que eu conheço:
O ex-capataz da fazenda de uma amiga, que afirmava ter “sulerado, sulerado, mas o extrator não tinha saído da lama”.
Na escolinha a professora explicava para a turma que os verbos só terminam em “AR”, “ER” e “IR”. Então um guri perguntou: “professora, e o verbo ‘pôr’?”... A professora explicou o porquê de tal verbo terminar em “OR” e o menino, não satisfeito com a resposta, perguntou “e o verbo motor?”.
O pai de um conhecido, que gostava muito daquele doce, o realberto (sim, apenas uma palavra. Para quem não conhece, o doce chama-se Rei Alberto). Ele ainda afirmava que “nós samos daqui desta cidade”, ou então confirmava o churrasco do dia seguinte com “não te preocupa! Amanhã nós fizemo o churras ao meio-dia!”. Quando não ia com a cara de alguém, fazia questão de dizer que aquela pessoa era antepática.
A tia de um conhecido, que em um churrasco não gostou de ver a criançada brincando de pega-pega logo depois de ter comido. E ainda por cima estavam expostos ao sol! Indignada, gritou: “guris! Saiam do sol! Porque senão vocês vão ter uma combustão!!” – ela tinha razão. Vai que algum deles solta uma bufa daquelas perigosas e acaba explodindo.
A mãe de uma colega, que chamava a sobrinha: “Jennifon, vem cá, menina!”. Chamava também o sobrinho: “diz pro Dongras vir também!”. Ela era frequentadora assídua do boteco da esquina, e quando lá chegava nem precisava perder tempo pedindo. “Chego no bar e o hômi já sabe o que eu quero: um pastel e a minha cerveja Trática!” E os calores trazidos pela idade, os quais a incomodavam durante o dia inteiro? “Ah, minha filha, a véia tá suando por causa da nonopóse.” Mas onde o Bin Laden atirou aqueles aviões no 11 de setembro? “Em Novonhórque, meu filho.” “Menina, nem te digo... Sabe o safado do Joãozinho? Ele não quer mais saber de trabalhar. Virou vagabundo! Só tá encostado na Marileuza, mulher dele! Tá igual a um jongolô.”
A sogra de uma amiga minha gosta muito de passar as férias em Balneário Canguru. Sempre que vai até lá, faz questão de dar uma esticada até Brumenal. Sua casa de Brumenal é uma lindeza, o piso é todo de taubão.
Outra senhora, que avisava os filhos quando iam à praia: “não se esqueçam das planchas de surfe!” Os filhos a corrigiam, dizendo que o correto era “prancha”, e ela diferenciava: “não, não. ‘Plancha’ de isopor; ‘prancha’ é a normal!”
O pior foi que outro dia eu bati pé, dizendo que “plancha” não existia. Alguém me falou que usava a tal da rede de plancha para pescar. Discuti, tentei corrigir, fui ao dicionário e vi que “plancha” existe, sim, assim como “enchova”. É horrível, mas é o outro nome daquele peixe, a anchova.
E a senhora das planchas, para chegar à praia, fazia a travessia de lancha no canal para chegar à cidade de São José do Norte. Pegava a lancha lá naquela que chamava de rodoviária das lancha (sim, sem plural, pra não soar pernóstico). Quando na praia, gostava muito de comer um filé de camarão (deve ser um filé bem pequenino...). E o sobrinho dela, que gostava muito de mergulhar, e passava o tempo inteiro submisso n’água? Esse sobrinho também tocava guitarra, e ficava horas e horas lendo os cifrão das música.
Os mais velhos – e isso não é uma crítica, é uma homenagem – usavam (alguns ainda usam!) termos engraçadíssimos atualmente, como os slacks. Meu avô chamava suas calças assim. Outro termo sensacional é o carpim. De vez em quando eu pego alguém se referindo às meias dessa forma. Carro de praça era outro campeão... Coisa muito boa era o aportuguesamento de termos originalmente falados em Inglês, como os filmes de gangéster, os de farveste do Jôn Vâine e os desenhos do marinheiro Popêi, aquele que comia espinafre.
A filha de um colega nasceu e foi decidido pela mãe que a menina chamar-se-ia Bárbara. Entretanto, aconteceu um imprevisto: a avó materna da criança simplesmente não conseguia pronunciar esse nome. Chamava a neta de Barba. Mãe e pai trocaram o nome da filha para Ana – acho que esse ela consegue dizer.
A dona de uma confeitaria, ao anotar o pedido de uma cliente, comunicou:
- Então a entrega do que a senhora pediu fica para amanhã, dona... Qual é o seu nome, mesmo?
A freguesa respondeu:
- É Corina.
A confeiteira anotou “Orina”. Mas resolveu perguntar outra vez.
- Como é?
- Corina.
- Ok. Entendido – e anotou “Orina” novamente.
Por falar em “orina”, um colega meu reclamava muito do verão, pois não suportava transpirar o dia inteiro. “Dia quente é dose pra elefante... Eu sôo demais!” Outro colega riu, chamando aquele de burro, e disse “sôo? Tu levantas o braço e sai barulho do teu sovaco, é isso? Mas, falando sério, isso é até bom, pois se tu transpiras demais tu orinas menos!”...
O Orina aí, aliás, tem um amigo cujo restaurante preferido é aquele que fica na esquina de sua casa e serve um rodeio de pizzas de dar água na boca.
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"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)