Não importa pra onde nós, homens, levemos "aquela coisa". A esposa quer ver aquilo longe "da frente dela".
- Tira essa coisa da minha frente! Eu não aguento mais ficar olhando pra essa tranqueira todos os dias!
- Mas meu contrabaixo é importantíssimo! Eu tenho que ficar com ele!
Eu o tenho há mais de dez anos!
- Certo. Há quanto tempo tu não toca esse baixo?
- Deve fazer uns sete, oito anos...
- Por que, diabos, tu tens que ficar com ele?
- Porque ele faz parte de uma época muito legal da minha vida, quando eu tinha uma banda de rock e tocava com ele!
- Fulano, tu mal sabes tocar DUAS músicas inteiras! Lembra quando a gente começou a namorar e eu pedi pra tu tocar uma música pra eu ouvir?
- Lembro.
- O que tu tocaste?
- Nenhuma música.
- Só fizeste uns barulhos desconexos no baixo!
- Sim...
- Então pra que ter baixo hoje em dia? Aliás, como é que tu tinhas uma banda, ainda por cima, se nem conseguias tocar nada?
- Pô, o nosso lema era "quem toca mal toca alto"! A gente enchia a cara de cerveja, pegava os instrumentos, ia pro estúdio do Chicão e tocava a porrada sonora.
- E todos tocavam a mesma música?
- Na maioria das vezes, não.
- Não mudou nada, né, pois hoje em dia tu vai pro futebol, não joga nada, mas enche a cara de cerveja igual. E pra isso tu nem precisa do baixo! Tira essa coisa da minha frente, leva sei lá pra onde, vende, dá esse baixo, atira da ponte, faz qualquer coisa com ele, mas tira ele daqui, que eu vou remodelar este quarto!
Então ele colocou o contrabaixo no porta-malas do carro, há mais de três meses. O baixo ainda está lá. Ficará lá até a próxima viagem da família, quando o porta-malas será aberto e a esposa enxergará o "maldito" instrumento, lembrança da época de rock star de sucesso do marido.
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