sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"Ah, Leandro, é porque essas são as regras, as coisas são assim."

A frase título foi dita hoje pela manhã. O início da discussão - amigável, discussão amigável. O simples fato de discutir um assunto não significa que houve briga, apesar de muita gente achar que discussão é sinônimo de barraco - foi o uso da bermuda em ambiente de trabalho.

Eu estou me tornando chato com esse tema. Eu SOU chato, e por causa de tal debate estou ME SENTINDO chato. É uma luta inglória querer que as pessoas elevem seu jeito de pensar para, digamos, um pensamento "fora da casinha" (correspondente brasileiro para o inglês "think outside the box"), questionando padrões estabelecidos sabe-se lá por quem.

- Ah, Leandro, é porque essas são as regras, as coisas são assim - minha colega me disse hoje.

- Regras? Que regras?

- É que tem roupa de homem e roupa de mulher, homem não usa saia.
- Eu não quero usar saia. Quero usar bermuda. E não existe calça feminina? Então, se eu tenho que usar calça, todo mundo tem que usar calça! Mulher também.
- Não adianta. Essas são as regras.

Pobre da minha colega. Negra, ela não lembrou que seus avós, quando vivos, não tinham direito nenhum, aqui em Pelotas, além de calar a boca e trabalhar para seu DONO, eu disse DONO, nas charqueadas.

Eram as regras da época. As coisas eram assim.

Ainda bem que alguém pensou "fora da casinha" e mudou aquele pensamento nojento.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Compartilhando Informações

- Esse aí nunca me contou nada sobre os relacionamentos anteriores dele! - ela disse, apontando para o marido.

- Bem, mas por que diabos ele teria que contar?? - perguntei.

- Porque sim! Isso tem que ser dito! Um tem que saber dos relacionamentos anteriores do outro!

- Mas é passado! Ele fez alguma coisa pervertida? Matou alguém? Sei lá, se ele não saiu dos chamados "níveis normais de normalidade enquanto pessoa normal individual humana", qual é o problema?

- Eu quero saber! Eu acho que a gente TEM que dizer tudo um pro outro.

- É... O meu namorado é partidário desse teu pensamento, e outro dia resolveu compartilhar comigo uma dessas informações, sabe? - outra pessoa entra no papo.

- O que ele fez?

- Nós estávamos no carro e, quando passávamos por determinado edifício, ele disse: "sabe... uma ex minha mora aí..." Ah, vai pra puta que pariu, né? Ficou olhando pro prédio e me disse uma merda dessas! Então eu falei "tá, tu ficou lembrando que tu comia essa guria nesse edifício e aí tu resolveu me fornecer tal informação? Vai tomar no teu rabo!"

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Bermuda sim!

Sempre que eu entro nesse assunto as pessoas ao meu redor levam a coisa no tom de brincadeira - eu sei, a culpa é minha, eu não me levo a sério tanto quanto eu deveria levar, tô sempre falando bobagem, mas de vez em quando eu consigo falar sério mesmo!

Só que desta vez é sério mesmo, viu? Por que diabos nós, homens, não podemos mostrar as canelas - EU DISSE SÓ AS CANELAS - no ambiente de trabalho? Por que somos obrigados a usar calça em dias de calor úmido e abafado como o de hoje? Temperaturas de quase 40 graus, sensação térmica batendo os 50, e somente a mulherada tem o direito de ir trabalhar com as pernas de fora.

Alguém lembra que até pouco tempo mulher usar calça era coisa "feia"? Minhas avós não usavam calça, praticamente. As avós da minha esposa também não. Era "feio". Era coisa de homem.

Não estou dizendo que pretendo usar saias, até porque eu não sou escocês e não uso kilt (tá, escocês que porventura esteja lendo este texto, eu não vou mais chamar kilt de "saia". Desculpa), mas sempre vi mulheres no trabalho usando, além da saia, bermudinha, calça corsário (que, pra mim, é bermuda também), etc.

Fora que elas sentem mais frio do que nós, ogros, naturalmente. Aí chegam pra trabalhar, usando menos roupas do que nós, no ar condicionado, e, adivinhe? SENTEM FRIO. Claro, poxa vida. Se o ar condicionado está acertado pra que os ogros vestidos dos pés à cabeça não passem frio, é óbvio que as donzelas indefesas de pernas e pés de fora vão congelar!

Então a minha senhora me mandou o seguinte link:

http://www.bermudasim.com.br/

O #BermudaSim é um movimento iniciado por amigos cariocas que não suportam mais ter de ir trabalhar cheios de roupa no calor infernal do Rio de Janeiro. Se aqui no Rio Grande do Sul a gente já sofre no verão, imagino lá. Legal a iniciativa dos caras. Hei de apoiar o movimento. E é o que eles dizem: não é pra avacalhar o ambiente profissional; é pra buscar um dia a dia mais agradável e menos quente.

Não é pra ir de calção de futebol nem bermuda de surfe, viu, caramba! Esses tu podes usar noutra ocasião.

sábado, 11 de janeiro de 2014

TRÊS ANOS depois...

Hoje eu pensava, caminhando em cima de uma esteira. Porque não há muito a ser feito quando se caminha em uma esteira a não ser pensar.

Correndo, não. Se eu tô correndo eu fico PODRE e não consigo nem pensar. Tenho que me concentrar na respiração, que é difícil. É difícil pra um gordasmático como eu (sim, inventei uma palavra. Gordasmático. É o amálgama de GORDO com ASMÁTICO) correr e respirar, imagina, então, fazer outra coisa junto com essas duas. Não consigo nem pensar. Caminhando, dá pra pensar.

Rá, rá, rá. "Você corre ou só caminha?", você, panaca, deve ter pensado na piada. Eu também pensei, pois sou panaca.

Enfim, estava eu a caminhar na esteira e fiquei pensando na péssima qualidade dos serviços pelos quais a gente paga muito neste País. Os bens também, são caríssimos. O assunto é batidíssimo, e aparentemente não há nada que possamos fazer - ou há? - pra mudar essa situação de "brasileiro tem mais é que se ferrar mesmo"... Eu estou cansado, juro que nem tento mais reclamar (muito) disso, pois não adianta, não tem jeito, a gente paga demais por merda.

O aumento do preço dos carros em 2014, cujos vilões são a volta do IPI e a exigência, por lei, de que os veículos saiam de fábrica com ABS e air bag. Exigência. Por lei. Mas quem vai pagar? Os trouxas dos consumidores.

Fiquei imaginando, enquanto andava na esteira - o que, diga-se, felizmente, não gasta gasolina, que aqui em Pelotas tá custando uns R$ 3,15 o litro -, como seria uma conversa sincera de uma operadora de telefonia com um pobre cliente:

- Olá, seu Leandro, bom dia, eu sou a Fulana da empresa de telefonia (não, não vou citar nomes. Todas são umas bostas, cada uma à sua maneira) e gostaria de lhe apresentar uma promoção.
- Sim. Qual é?
- A gente quer que o senhor se ferre muito.
- Fale muito?
- Não, se ferre muito, mesmo, que o senhor vá, de repente, pro raio que o parta de tanto pagar pelo serviço de merda que a gente presta pro senhor. Um 2014 bem cu mesmo pro senhor, tá bem? Siga dando dinheiro pra gente em troca de um serviço porco, tá?
- Mas e a promoção?
- Ah, não, na verdade a promoção é só para clientes novos! O senhor não tem direito a nada. Foda-se! Um abraço em nome da empresa de telefonia (que não precisa ter nome citado, pois todas são umas bostas, cada uma à sua maneira).

"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Autor desconhecido. Ou não.)